Muitos de vocês devem lembrar daquele video que começou a rolar na internet por volta de 2002 ou 2003, intitulado "Wear Sunscreen". Anos atrás eu escrevi minha própria versão parodiada do texto, chamada "Wear Sunglasses", na esperança que algum dia seria capaz de editar vídeos e fazer um clipe que seria visto por milhões de pessoas naquilo que hoje em dia é o YouTube - e todo mundo riria, seria legal, mas no mundo real eu não tenho nem saco para fazer isso; logo me atenho a escrever.
Wear sunglasses.
If I could offer you only one tip for the present, sunglasses would be it. The short-term benefits of sunglasses during a hangover have been proved by junkies, whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own night-time roving experience. I will give this advice now.
Enjoy the power and beauty of sex. Oh, never mind. You will not understand the power and beauty of sex until you fail. But trust me, in 20 years, you'll look back at photos of the chicks and guys you had and recall in a way you can't grasp now how much possibility of getting laid you had and how fabulous sex really looked. You are not as vigorous as you imagine.
Don't worry about your liver. Or worry, but know that worrying is as effective as trying to drink a double scotch after a couple of tequila shots. The real troubles in your life are apt to drink things that have never crossed your sick throat, the kind that makes you blackout at 4pm on some idle Tuesday.
Do one thing every day that excites you.
Swing.
Always be sarcastic with other people's feelings. And if anyone is sarcastic with your own feelings, just kick their sorry asses.
Orgies.
Don't waste your time in queues. Sometimes you're ahead, sometimes you're behind. The queue is long and, in the end, there's only a dirty toilet or some dude selling beer.
Be proud of the compliments you receive. Fuck the insults. If you succeed in doing this, fuck you too.
Make a bonfire with your old love letters. Shove your old bank statements down the throat of people you don't like at all just for the fun of doing it.
Shrek.
Don't feel bad if you don't know what you want to do with your fucking life. The most interesting-looking chicks I knew didn't know at 22 what they wanted to do with their lives. Some of the most interesting 40-year-old-chicks are not still as hot today as they used to be at 22.
Get plenty of fun. Be kind to your knees. If you like to blow other people's johnsons, you'll miss them when they're gone. Please remember that this is not my kind of thing.
Maybe you'll die, maybe you won't. Maybe you'll be blessed with the gift of immortality, maybe you won't. Maybe you'll die at 40, maybe you'll dance some techno-beat on your 75th anniversary. Whatever you do, don't push yourself too much, or beat yourself either. Your choices are half chance. Either you die, or someone kills you.
Enjoy your body. Use it every way you can. Don't be afraid of it or of what other people think of it. It might lead you straight to jail, but there are some guys or ladies there that will enjoy your body as much as you do.
Trance, even if you have nothing more than some aspirins and bad vodka.
Have a medical prescription, even if you don't follow it.
Do not read porn magazines. They will only make you feel horny.
Watch your parents. You never know when they'll be gone to buy some food. Be kind to your siblings. They might always have some good-looking chick or guy with whom you might score.
Understand that friends come and go, but try to hang out more with the ones that practise friendly sex. Work hard to fill the gaps in the Kama Sutra and junkie-lifestyle, because the older you get, the more you need people to help you doing it so.
Live in New York City once, but leave before some islamic extremist explodes it. Live in Northern California once, but leave before some gigantic tsunami-wave swallows it. Travel a lot, seriously. It's safer than staying still.
Accept certain inalienable truths about alcohol: Prices will rise. Politicians will drink. You, too, will drink it. And when you do, you'll fantasize that when you had a liver, prices were reasonable, politicians were sober and children respected their elders.
Have children ever respected their elders? Nay...
Don't expect anyone else to withstand you. Maybe you're a sick bastard. Maybe you'll have a Ferrari or a Porsche. But you never know when either one might run out of gas.
Don't mess too much with your hair or by the time you're 40 you'll have a permanent mohawk hair cut.
Be careful whose stuff you buy, but be patient with those who supply it. Drinking is a form of nostalgia. Dispensing it is a way of digging your own way into a sanitarium, shaving yourself entirely, covering your private ugly parts with butter and recycling it for more than just food.
But trust me on the sunglasses.
09/03/2009
05/03/2009
Crônica Aleatória: Duas pelo preço de uma
Visita ao Inferno
- Oi filhão.
- Pai? O que diabos você está fazendo aqui?
- Resolvi fazer uma pequena visita.
- Mas você me expulsou de casa há milênios atrás!
- Sabe como funciona a coisa, né? Eu sou o Todo-Poderoso, Misericordioso... Ora, eu não posso perdoar meu próprio filho?
- Só que desse jeito você está atrapalhando meus negócios... Estamos no inferno!
- Eu quis fazer uma surpresa.
- Mas meus súditos podem não gostar... Você há de convir que ver Deus caminhando por aqui não é algo muito corriqueiro, certo? Inédito, talvez?
- Ah Lúcio, dê um desconto para os pobres coitados...
- É Lúcifer! Já falei que meu nome é Lúcifer!!!
- Tsc tsc... Você jovens são tão rebeldes...
- Corta o papo e conta logo porque você veio aqui embaixo.
- Bem, estamos com alguns problemas. Aparentemente o eixo da ordem natural das coisas está se desequilibrando.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Você está recrutando almas demais.
- Não é minha culpa se só eu sei trabalhar direito por aqui né? Durma com essa, pai...
- Tudo bem, eu te perdôo.
- Você sempre tem que ter a última palavra, não?
- Lúcio, eu sou A Palavra.
- Se você não parar de me chamar assim, eu não quero saber de conversa.
- Tá bom... Lúcifer...
- Vamos lá. Diga o que você tem em mente.
- O inferno está recrutando almas demais nos últimos dois séculos. Isso causou um grande desequilíbrio, e pode acabar destruindo o mundo. E nós dois não gostaríamos nada disso, certo?
- Estou ouvindo.
- A proposta é a seguinte. Pare de trazer almas para o inferno durante algum tempo, e quando o céu tiver tantas almas quanto há aqui embaixo, você volta à ativa.
- Ah... Não dá para acreditar. Você quer que eu tire férias, é isso? Mas você sabe que eu não vivo sem meu trabalho!
- Considere isso como um favor por todas as guerras que você conseguiu instigar no último milênio, filho.
- Isso foi legal.
- Não foi não! Você jogou a culpa de quase todas elas em cima de mim!
- E isso foi melhor ainda.
- Coloque uma coisa na sua cabeça: a menos que nós dois façamos alguma coisa, tudo vai acabar.
- Hum... E na sua mente onipresente, qual seria a desculpa que a humanidade receberia para essa "interrupção" das minhas atividades?
- Eu pensei em algo novo, completamente inédito: que tal a paz na terra?
- Paz na terra?
- Sim, paz total. Igualdade entre os homens, fraternidade entre as nações. Nada de disputas territoriais, econômicas... E também podemos acabar com a fome e a miséria!
- Ah, você bem gostaria disso, né?
- Não nego que adoraria ver tudo na terra funcionando bem. Mas é apenas temporário, o desequilíbrio para o Meu lado também destruiria o mundo.
- Não esqueça de que eu recruto minhas almas de outras formas mais sutis. Especialmente num mundo onde tudo funciona perfeitamente, a luxúria vai prevalecer.
- Sim, eventualmente algumas almas virão para o inferno. Mas essas você pode deixar aos cuidados dos seus lacaios, certo?
- Eu tenho muitos lacaios. Demônios malditos. E são muito mais espertos e trabalhadores que qualquer um dos seus estúpidos anjos.
- Não vou discutir isso. O nosso objetivo é que apenas você fique fora de ação. Afinal de contas, você é o melhor adversário que um Deus como eu poderia ter... E sabe fazer seu serviço como ninguém.
- Eu me orgulho muito disso, sabia? É o meu pecado favorito!
- Não tenho dúvidas. Então? Vais considerar minha proposta?
- Vou pensar um pouco nela... E te envio um mensageiro alado quando tiver uma resposta.
- Por favor, mande um que não tenha cheiro de enxofre muito forte. Acabei de mandar limpar o céu e isso seria meio desagradável.
- Tá bom pai. É melhor ir agora, as pessoas estão nos olhando.
- Você sente vergonha de mim, filho?
- Claro que não. Eu só te odeio. Meus súditos vão achar que a ordem do inferno está mudando e daqui a pouco vão pedir para terem suas torturas e tormentos eternos aliviados.
- Tudo bem, vou embora agora. Algum recado para alguém que esteja lá em cima?
- Não... Quase todas as pessoas interessantes estão aqui comigo.
- Tudo bem filho. Tenha um bom dia e fique Comigo!
- Argh... Me esqueci que você adora essa piada estúpida...
Visita ao Paraíso
- Oi Pai.
- Lúcio! Você está atrasado! Mas seja bem vindo ao Paraíso.
- Em primeiro lugar, eu sou a visita aqui agora. Em segundo lugar, volto para o inferno imediatamente se você continuar me chamando desse nome estúpido.
- Dê graças a Mim que o seu nome não seja Luciomar.
- Você teria feito isso quando eu nasci?
- Não dizem que Deus possui um senso de humor bem sarcástico?
- Estou indo, adeus.
- Não, espere... Lúc...ifer. Vamos conversar. Quer dizer que você aceita o acordo para tirar umas férias temporárias?
- Sim. Vou fechar os portões do inferno durante algumas centenas de anos e parar de assediar almas humanas.
- E já decidiu para onde vais viajar?
- Não sei ainda... Palestina talvez, Iraque ou Rio de Janeiro... Qualquer lugar onde eu me sinta em casa.
- Seu diabinho... Bem. Basta assinar aqui então, e a papelada será enviada para a gerência de Recursos Humanos da Sagrada e Ancestral Congregação da Ordem Universal.
- S.A.C.O.U.?
- Eu não gosto dessas gírias, filho...
- Você vai enviar a papelada para a S.A.C.O.U., seu velho decrépito?
- Oh sim... É, a falta de atividade aqui em cima está me deixando meio enferrujado...
- Antes de assinar, tenho que esclarecer algumas dúvidas. Existem muitos dos meus lacaios na terra. Quem vai cuidar de todos durante a minha ausência?
- Não há problema, eu assumo essa responsabilidade.
- Ah é? E o que você vai fazer com o meus roqueiros e metaleiros? Vai enfiá-los em ternos e forçar todos a cantar músicas do Agnaldo Rayol?
- Ora, o Agnaldo tem uma voz divina...
- Isso mostra o seu mau gosto musical. Diga apenas um bom músico que você tenha patrocinado, em toda a eternidade?
- Johann Sebastian Bach. Ele me adorava, literalmente.
- Ok... E que tal Niccolò Paganini? Eu o patrocinei.
- Tá vendo um homem naquela nuvenzinha à sua esquerda? Ele se chama Ludwig van Beethoven.
- Jimi Hendrix era meu chapa!
- John Lennon usava drogas mas era um bom rapaz e está aqui também.
- Ozzy Osbourne é um dos meus!
- O Ozzy ainda está vivo meu filho...
- Mas nem parece. Vê como eu faço meu trabalho bem?
- Qual é o seu ponto, afinal de contas?
- Eu quero que meus súditos, ou futuros súditos, tenham seu direito de liberdade de expressão garantidos. É imperativo que suas crenças e gostos sejam aceitos aqui em cima também.
- Ah filho, isso vai ser meio difícil... Imagine a bagunça que vai virar o Paraíso?
- Se vira, Deus.
- Você sabe que eu sofro de insônia. Se isso aqui ficar cheio de gente berrando, tocando guitarra, buzinando, fazendo... Aquilo-que-você-sabe-muito-bem-o-quê-é...
- Sexo?
- Shhh... Não fale essa palavra alto por aqui...
- Qual palavra, SEXO?
- É, isso aí. A população residente pode se lembrar de como era bom e querer fazer de novo.
- E qual é o problema das pessoas quererem fazer SEXO?
- Ora, você sabe o que dizem... Os anjos não tem sexo... E todos que vêm para cá viram anjinhos com asinhas e auréolas douradas.
- Deixe de ser hipócrita... Eu era um anjo e tenho sexo sim. E é bem grande, vou até mostrar para aquela gracinha de anjinha que está passando ali. Neném? Psiu? Olha aqui pro papai...
- Pare de assediar a Joana D'Arc, Lúcifer!
- Bem que eu lembrava dela de algum lugar...
- Ok, eu aceito. Vou criar uma área de recreação especial aqui no Paraíso, quem quiser realizar atividades... Mundanas... Poderá se encaminhar para lá.
- Sério?
- Palavra de Deus.
- Então onde é que eu assino?
- Aqui... E aqui... Aqui também... Aqui é só rubricar... Pronto. Se sente mais leve?
- Já me sinto entediado... Posso ficar aqui por uns tempos, até me acostumar com a idéia?
- Não!
- Ah, qual é?! Só por umas décadas, paizão...
- Não, não e não. Que espécie de influência negativa você teria aqui neste lugar?
- Mas eu estou com saudades de casa...
- É sério filho?
- Não, eu estou mentindo. Vê? Já estou com vontade de trabalhar de novo.
- Tá bom, pode ficar então... Mas é só por duas décadas, ok?
- Prometo que não vou criar problemas.
- Posso acreditar na sua palavra?
- Não.
- Você é incorrigível, Lúcifer.
- Mas se você me apresentar àquela senhorita ali talvez eu me comporte um pouquinho, Deus...
- Não acredito que vou fazer isso... Ei, você pode vir aqui rapidinho, Joana?
- Oi filhão.
- Pai? O que diabos você está fazendo aqui?
- Resolvi fazer uma pequena visita.
- Mas você me expulsou de casa há milênios atrás!
- Sabe como funciona a coisa, né? Eu sou o Todo-Poderoso, Misericordioso... Ora, eu não posso perdoar meu próprio filho?
- Só que desse jeito você está atrapalhando meus negócios... Estamos no inferno!
- Eu quis fazer uma surpresa.
- Mas meus súditos podem não gostar... Você há de convir que ver Deus caminhando por aqui não é algo muito corriqueiro, certo? Inédito, talvez?
- Ah Lúcio, dê um desconto para os pobres coitados...
- É Lúcifer! Já falei que meu nome é Lúcifer!!!
- Tsc tsc... Você jovens são tão rebeldes...
- Corta o papo e conta logo porque você veio aqui embaixo.
- Bem, estamos com alguns problemas. Aparentemente o eixo da ordem natural das coisas está se desequilibrando.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Você está recrutando almas demais.
- Não é minha culpa se só eu sei trabalhar direito por aqui né? Durma com essa, pai...
- Tudo bem, eu te perdôo.
- Você sempre tem que ter a última palavra, não?
- Lúcio, eu sou A Palavra.
- Se você não parar de me chamar assim, eu não quero saber de conversa.
- Tá bom... Lúcifer...
- Vamos lá. Diga o que você tem em mente.
- O inferno está recrutando almas demais nos últimos dois séculos. Isso causou um grande desequilíbrio, e pode acabar destruindo o mundo. E nós dois não gostaríamos nada disso, certo?
- Estou ouvindo.
- A proposta é a seguinte. Pare de trazer almas para o inferno durante algum tempo, e quando o céu tiver tantas almas quanto há aqui embaixo, você volta à ativa.
- Ah... Não dá para acreditar. Você quer que eu tire férias, é isso? Mas você sabe que eu não vivo sem meu trabalho!
- Considere isso como um favor por todas as guerras que você conseguiu instigar no último milênio, filho.
- Isso foi legal.
- Não foi não! Você jogou a culpa de quase todas elas em cima de mim!
- E isso foi melhor ainda.
- Coloque uma coisa na sua cabeça: a menos que nós dois façamos alguma coisa, tudo vai acabar.
- Hum... E na sua mente onipresente, qual seria a desculpa que a humanidade receberia para essa "interrupção" das minhas atividades?
- Eu pensei em algo novo, completamente inédito: que tal a paz na terra?
- Paz na terra?
- Sim, paz total. Igualdade entre os homens, fraternidade entre as nações. Nada de disputas territoriais, econômicas... E também podemos acabar com a fome e a miséria!
- Ah, você bem gostaria disso, né?
- Não nego que adoraria ver tudo na terra funcionando bem. Mas é apenas temporário, o desequilíbrio para o Meu lado também destruiria o mundo.
- Não esqueça de que eu recruto minhas almas de outras formas mais sutis. Especialmente num mundo onde tudo funciona perfeitamente, a luxúria vai prevalecer.
- Sim, eventualmente algumas almas virão para o inferno. Mas essas você pode deixar aos cuidados dos seus lacaios, certo?
- Eu tenho muitos lacaios. Demônios malditos. E são muito mais espertos e trabalhadores que qualquer um dos seus estúpidos anjos.
- Não vou discutir isso. O nosso objetivo é que apenas você fique fora de ação. Afinal de contas, você é o melhor adversário que um Deus como eu poderia ter... E sabe fazer seu serviço como ninguém.
- Eu me orgulho muito disso, sabia? É o meu pecado favorito!
- Não tenho dúvidas. Então? Vais considerar minha proposta?
- Vou pensar um pouco nela... E te envio um mensageiro alado quando tiver uma resposta.
- Por favor, mande um que não tenha cheiro de enxofre muito forte. Acabei de mandar limpar o céu e isso seria meio desagradável.
- Tá bom pai. É melhor ir agora, as pessoas estão nos olhando.
- Você sente vergonha de mim, filho?
- Claro que não. Eu só te odeio. Meus súditos vão achar que a ordem do inferno está mudando e daqui a pouco vão pedir para terem suas torturas e tormentos eternos aliviados.
- Tudo bem, vou embora agora. Algum recado para alguém que esteja lá em cima?
- Não... Quase todas as pessoas interessantes estão aqui comigo.
- Tudo bem filho. Tenha um bom dia e fique Comigo!
- Argh... Me esqueci que você adora essa piada estúpida...
Visita ao Paraíso
- Oi Pai.
- Lúcio! Você está atrasado! Mas seja bem vindo ao Paraíso.
- Em primeiro lugar, eu sou a visita aqui agora. Em segundo lugar, volto para o inferno imediatamente se você continuar me chamando desse nome estúpido.
- Dê graças a Mim que o seu nome não seja Luciomar.
- Você teria feito isso quando eu nasci?
- Não dizem que Deus possui um senso de humor bem sarcástico?
- Estou indo, adeus.
- Não, espere... Lúc...ifer. Vamos conversar. Quer dizer que você aceita o acordo para tirar umas férias temporárias?
- Sim. Vou fechar os portões do inferno durante algumas centenas de anos e parar de assediar almas humanas.
- E já decidiu para onde vais viajar?
- Não sei ainda... Palestina talvez, Iraque ou Rio de Janeiro... Qualquer lugar onde eu me sinta em casa.
- Seu diabinho... Bem. Basta assinar aqui então, e a papelada será enviada para a gerência de Recursos Humanos da Sagrada e Ancestral Congregação da Ordem Universal.
- S.A.C.O.U.?
- Eu não gosto dessas gírias, filho...
- Você vai enviar a papelada para a S.A.C.O.U., seu velho decrépito?
- Oh sim... É, a falta de atividade aqui em cima está me deixando meio enferrujado...
- Antes de assinar, tenho que esclarecer algumas dúvidas. Existem muitos dos meus lacaios na terra. Quem vai cuidar de todos durante a minha ausência?
- Não há problema, eu assumo essa responsabilidade.
- Ah é? E o que você vai fazer com o meus roqueiros e metaleiros? Vai enfiá-los em ternos e forçar todos a cantar músicas do Agnaldo Rayol?
- Ora, o Agnaldo tem uma voz divina...
- Isso mostra o seu mau gosto musical. Diga apenas um bom músico que você tenha patrocinado, em toda a eternidade?
- Johann Sebastian Bach. Ele me adorava, literalmente.
- Ok... E que tal Niccolò Paganini? Eu o patrocinei.
- Tá vendo um homem naquela nuvenzinha à sua esquerda? Ele se chama Ludwig van Beethoven.
- Jimi Hendrix era meu chapa!
- John Lennon usava drogas mas era um bom rapaz e está aqui também.
- Ozzy Osbourne é um dos meus!
- O Ozzy ainda está vivo meu filho...
- Mas nem parece. Vê como eu faço meu trabalho bem?
- Qual é o seu ponto, afinal de contas?
- Eu quero que meus súditos, ou futuros súditos, tenham seu direito de liberdade de expressão garantidos. É imperativo que suas crenças e gostos sejam aceitos aqui em cima também.
- Ah filho, isso vai ser meio difícil... Imagine a bagunça que vai virar o Paraíso?
- Se vira, Deus.
- Você sabe que eu sofro de insônia. Se isso aqui ficar cheio de gente berrando, tocando guitarra, buzinando, fazendo... Aquilo-que-você-sabe-muito-bem-o-quê-é...
- Sexo?
- Shhh... Não fale essa palavra alto por aqui...
- Qual palavra, SEXO?
- É, isso aí. A população residente pode se lembrar de como era bom e querer fazer de novo.
- E qual é o problema das pessoas quererem fazer SEXO?
- Ora, você sabe o que dizem... Os anjos não tem sexo... E todos que vêm para cá viram anjinhos com asinhas e auréolas douradas.
- Deixe de ser hipócrita... Eu era um anjo e tenho sexo sim. E é bem grande, vou até mostrar para aquela gracinha de anjinha que está passando ali. Neném? Psiu? Olha aqui pro papai...
- Pare de assediar a Joana D'Arc, Lúcifer!
- Bem que eu lembrava dela de algum lugar...
- Ok, eu aceito. Vou criar uma área de recreação especial aqui no Paraíso, quem quiser realizar atividades... Mundanas... Poderá se encaminhar para lá.
- Sério?
- Palavra de Deus.
- Então onde é que eu assino?
- Aqui... E aqui... Aqui também... Aqui é só rubricar... Pronto. Se sente mais leve?
- Já me sinto entediado... Posso ficar aqui por uns tempos, até me acostumar com a idéia?
- Não!
- Ah, qual é?! Só por umas décadas, paizão...
- Não, não e não. Que espécie de influência negativa você teria aqui neste lugar?
- Mas eu estou com saudades de casa...
- É sério filho?
- Não, eu estou mentindo. Vê? Já estou com vontade de trabalhar de novo.
- Tá bom, pode ficar então... Mas é só por duas décadas, ok?
- Prometo que não vou criar problemas.
- Posso acreditar na sua palavra?
- Não.
- Você é incorrigível, Lúcifer.
- Mas se você me apresentar àquela senhorita ali talvez eu me comporte um pouquinho, Deus...
- Não acredito que vou fazer isso... Ei, você pode vir aqui rapidinho, Joana?
04/03/2009
Contrato de Namoro
O Famigerado contrato de namoro. Já é a quarta vez que publico o texto que está em sua terceira revisão. Eventualmente sempre me aparece um incauto pedindo para usá-lo e normalmente eu nego: todas as histórias que o envolvem são trágicas, portanto não recomendo que ele seja usado. Sério. Nunca. Mas como toda boa lenda urbana, é legal lembrar dele, especialmente neste frio do verão carioca, bebendo um chocolate quente debaixo das cobertas.
Loucura? Não, são as cicatrizes deixadas pelo Contrato...
CONTRATO DE CONCESSÃO DE NAMORO
Por meio deste, o SUPLICANTE adquire totais direitos e deveres de NAMORO sobre a citada CONCESSORA, pelo período de 3 (três) anos, em regime de Separação Total de Bens. A CONCESSORA retém todos os seus direitos anteriores ao contrato, apenas cedendo ao SUPLICANTE a condição de "namorado" exclusivo e único. São obrigações do SUPLICANTE para que o contrato seja válido:
1) Ser carinhoso em período integral com a CONCESSORA;
2) Ser totalmente fiel com a CONCESSORA, jamais celebrando contrato de NAMORO, NOIVADO, CASAMENTO, OLHADA, FICADA e CASUS SORDIDUS com qualquer outra mulher, homem, ou qualquer forma de vida baseada em Carbono;
3) Dedicar total atenção à CONCESSORA, porém sem cometer excessos, limitando-se a até 1 (uma) visita ao lar da acima citada por dia e a 2 (dois) encontros casuais por dia;
4) Dedicar-se ao estudo acadêmico e intelectual, de forma que suas faculdades mentais não se tornem obsoletas ou sem uso;
5) Encarar a vida e a sociedade com bom humor, comprometendo-se a fazer pelo menos 3 (três) piadas mordazes e sarcásticas por semana;
6) Abdicar e renegar totalmente à forma de expressão artística conhecida como"Pagode Romântico" "Forró Universitário" "Sertanejo Universitário" [texto alterado];
7) Abdicar e renegar totalmente a qualquer tipo de vídeo, revista ou material de conteúdo pornográfico e/ou erótico;
8) Aceitar e tolerar plenamente a religião/ideologia/filosofia da CONCESSORA, renegando e abdicando a qualquer religião/ideologia/filosofia que teria sido seguida antes da celebração do contrato e diretamente contrária à da CONCESSORA;
9) Aceitar a constante presença dos amigos e amigas da CONCESSORA,limitando-se a 1 (uma) cena de ciúmes por mês, e 1 (uma) cena de ciúmes extremos por semestre eximindo-se de quaisquer cenas de cíumes [texto alterado];
10) Após o período de 3 (três) anos de contrato de NAMORO, obriga-se o SUPLICANTE a apresentar proposta de contrato de NOIVADO, o qual anulará imediatamente o atual contrato de NAMORO. É obrigatória a presença da cláusula de CASAMENTO no contrato de NOIVADO, com a prescrição máxima de 3 (três) anos após o início deste, a qual anulará todos os contratos celebrados anteriormente pelo SUPLICANTE e pela CONCESSORA;
Ambos os CONTRATANTES concordam com os citados termos e celebram hoje, na presença de 2 (duas) testemunhas, a firmação deste contrato de NAMORO.
Loucura? Não, são as cicatrizes deixadas pelo Contrato...
CONTRATO DE CONCESSÃO DE NAMORO
Por meio deste, o SUPLICANTE adquire totais direitos e deveres de NAMORO sobre a citada CONCESSORA, pelo período de 3 (três) anos, em regime de Separação Total de Bens. A CONCESSORA retém todos os seus direitos anteriores ao contrato, apenas cedendo ao SUPLICANTE a condição de "namorado" exclusivo e único. São obrigações do SUPLICANTE para que o contrato seja válido:
1) Ser carinhoso em período integral com a CONCESSORA;
2) Ser totalmente fiel com a CONCESSORA, jamais celebrando contrato de NAMORO, NOIVADO, CASAMENTO, OLHADA, FICADA e CASUS SORDIDUS com qualquer outra mulher, homem, ou qualquer forma de vida baseada em Carbono;
3) Dedicar total atenção à CONCESSORA, porém sem cometer excessos, limitando-se a até 1 (uma) visita ao lar da acima citada por dia e a 2 (dois) encontros casuais por dia;
4) Dedicar-se ao estudo acadêmico e intelectual, de forma que suas faculdades mentais não se tornem obsoletas ou sem uso;
5) Encarar a vida e a sociedade com bom humor, comprometendo-se a fazer pelo menos 3 (três) piadas mordazes e sarcásticas por semana;
6) Abdicar e renegar totalmente à forma de expressão artística conhecida como
7) Abdicar e renegar totalmente a qualquer tipo de vídeo, revista ou material de conteúdo pornográfico e/ou erótico;
8) Aceitar e tolerar plenamente a religião/ideologia/filosofia da CONCESSORA, renegando e abdicando a qualquer religião/ideologia/filosofia que teria sido seguida antes da celebração do contrato e diretamente contrária à da CONCESSORA;
9) Aceitar a constante presença dos amigos e amigas da CONCESSORA,
10) Após o período de 3 (três) anos de contrato de NAMORO, obriga-se o SUPLICANTE a apresentar proposta de contrato de NOIVADO, o qual anulará imediatamente o atual contrato de NAMORO. É obrigatória a presença da cláusula de CASAMENTO no contrato de NOIVADO, com a prescrição máxima de 3 (três) anos após o início deste, a qual anulará todos os contratos celebrados anteriormente pelo SUPLICANTE e pela CONCESSORA;
Ambos os CONTRATANTES concordam com os citados termos e celebram hoje, na presença de 2 (duas) testemunhas, a firmação deste contrato de NAMORO.
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