29/05/2015

A Teoria da Direita Margarina


Eu vou falar rapidamente sobre o Rodrigo Constantino. O blogueiro que foi promovido a ícone intelectual (sic) da direita brasileira pra mim é um tabu; sempre me recusei a falar sobre ele, pois assim acredito estar dando audiência gratuita para o cara. Entretanto um evento recente chamou minha atenção: fiquei sabendo que ele se mudou para Miami. E isto muda completamente a "nossa" dinâmica. Por isso preciso desabafar sobre um tópico importante.

O Sr. Constantino se orgulha de ter cunhado o termo "esquerda caviar", que utiliza para agredir recorrentemente pessoas de classe média ou alta que defendam ou apoiem princípios esquerdistas. O termo é regularmente usado pelo próprio e seu séquito de seguidores de forma jocosa e tentando desqualificar o discurso de seus oponentes sem que estes tenham chance de defesa.

Mas aí o herói da direita brasileira mete o pé e vai pros States. Ao contrário dos imigrantes cubanos, presumo que o tenha feito de avião, não com balsas e lanchas clandestinas. E aí eu pensei com afinco em como ele não representa o oposto do "esquerda caviar". Este seria um direitista pobre e humilde, e estas últimas duas características não combinam com o colega blogueiro.

Não, é algo diferente. Há algum tempo que chamam pessoas como o Constantino de "coxinhas". Por mais engraçado que seja, sempre tive a impressão de que o termo não é o melhor do mundo. Não soa tão bem, não tem a mesma harmonia. E uma coisa tenho que admitir, o "esquerda caviar" tem um certo charme em si.

Então pensei: essas pessoas da nova e renovada direita brasileira são tão desinteressantes, intelectualmente estéreis, rançosas. E ao mesmo tempo, comuns. Estão por todos os lados, em milhares de lares. Do alto de seu pedestal de classe média e alta, elas se consideram uma elite, mas não passam de um simulacro pobre do homem verdadeiramente comum e real, aquele que tem o poder de engrandecer o nosso país, independente se é esquerda, centro ou direita.

Eles são a Direita Margarina.

A margarina é mole. Quando pressionada, não apresenta muita resistência, ou apenas se espalha naturalmente. Adapta-se com facilidade à "faca" da vez. E é sem graça, sem sabor, uma versão pobre que tenta imitar com gordura hidrogenada a verdadeiramente saborosa manteiga. A margarina é um dos alimentos mais comuns na mesa do brasileiro, entretanto é praticamente desprovida de qualquer valor nutricional relevante.

A Direita Margarina está presente nas escolas, nas faculdades, no mercado privado e no serviço público. Ela anda ao nosso lado, está misturada a todos os tipos de cidadãos e pães brasileiros. Ela vocifera na internet e veste a camisa da CBF na manifestação anti-corrupção. A Direita Margarina incentiva e lidera os panelaços. A Direita Margarina acredita ser o instrumento e a voz da justiça e da razão, quando na verdade não passa de um subproduto popular sendo usado pelas facas de terceiros.

Nem toda a direita é Margarina. Claro que existem intelectuais, empreendedores, acadêmicos e trabalhadores de direita que representam os melhores aspectos de uma discussão política e ideológica saudável. Mas o que pessoas como o Rodrigo Constantino precisam entender é que nesta cadeia alimentar brasileira, enquanto existir a Esquerda Caviar cozinhando na panela deles, haverá a Direita Margarina espalhada no nosso pão e alimentando o nosso circo.

Sobre o autor: Bart Rabelo é blogueiro há quase quinze anos, músico amador e escritor auto-publicado com tendências a escrever ficção cômica fantástica e contemporânea, assim como Rodrigo Constantino.

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